Epifania: A planície

Por Maurício Velho
É uma bonita planície verde da qual uma menina está correndo, correndo infinitamente, velozmente, o poder do mundo é todo dela, sem calombos, sem cupinzeiros, sem buracos de tatu, o fôlego é infinito e o limite é além do céu. 

Imagine a menina, loira, alta, com uma bonita saia florida e uma regata preta, ela não tem peso, neste universo presente o peso não existe, o peso está além do limite mínimo, o peso e o tempo são inexistentes nessa planície verde primaveril, desse sonho quente e quase real em que ela está vivendo. 

Peso e tempo são coisas relativas. Assim como tudo pode acontecer, nada pode acontecer, tudo pode se transformar em tinta, tudo pode secar como gesso seca e assim aprisioná-la para sempre. 

Mas já a felicidade é muito real, a felicidade é palpável e agradável, é uma alegria tão bonita que chega a ser quase chorosa. A alegria presente compõe toda a planície, a grama, os pequenos insetos, a bonita garota, essa felicidade inflamada, é nada mais do que a morte. 

Atropelada no mundo real, ela enfim para de delirar e morre. 

A morte. 

A morte que vem e te tira do mundo real e te leva para o inimaginável, para essa pessoa, levou a um campo, em um dia ensolarado de primavera, certo que havia esquecido, de contar que ela está morta. 

A sua mente já imaginava felizes histórias nas seguintes páginas desse conto sobre essa moça loira jovem, mas hoje eu fiz questão de estragar o seu dia. 

A alegria inflamada era apenas a morte, que traz um estado constante de tranquilidade infinita, sim, desculpe por isso, mas esse é o fim, da historia, da moça, da alegria e da planície, se você der sorte, não será também, o seu fim.


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